É a hora de ter um dobrável?

Stella Dauer
Canal EuTestei
Published in
7 min readAug 26, 2021

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Alguns de vocês me perguntaram se vale a pena comprar um dobrável agora. Esses celulares do futuro já são o presente, ainda que só de chegada, mas devem tomar uma parte maior do futuro. Mas em que pé estamos?

Eu estive com o Galaxy Z Fold2. Pude usar ele por algum tempo, e acho legal falar disso agora que o Z Fold3 foi lançado e já foi até homologado pela Anatel. Eu já peguei rapidamente outros como o Razr da Motorola, o Mate X da Huawei e o Z Flip também da Samsung.

E antes de falar sobre o assunto principal, queria falar sobre a experiência de usar um dobrável como o Z Fold2. Como é usar um dobrável no dia a dia?

Não se engane, eles são sensacionais. A sensação, não importa quantas vezes você pegue um na mão, é sempre impressionante. É muito legal ver uma tela dobrando, ainda mais nesses maiores aqui que você abre e ele fica enorme.

Consumir mídia nele é sensacional, uma telona dessas em qualquer lugar que você quiser. Na cama, na mesa, pra todo lado. O problema é que isso chama atenção também, então é mais complicado de usar no transporte público, por exemplo.

No caso do Z Fold2 ainda tem a coisa da tela fechada. Eu me acostumei, mas enquanto a tela grande dá um bom conforto, a fechada já não é a mesma coisa. É muito estreita pra digitar e o aparelho fica super grosso. No geral, é um celular pesado e grosso. Se você gosta de algo leve e fino, vai ter problemas.

As bordas são grandes, mas isso ainda é questão de segurança e de tecnologia. Além disso, no caso desse aqui, tem o vinco na tela. Incomoda? Olha, pra mim, só no primeiro dia. Depois, você nem vê mais, e o fato de ter uma tela enorme é tão legal que não importa o vinco. Uma outra coisa é que eu gosto de película de vidro, e essa aqui é tipo a de gel, pega no dedo, eu não gosto.

De processamento ele aguenta qualquer coisa, é bem poderoso. A câmera é muito boa, embora não seja a melhor da Samsung. Eu não estou fazendo um review aqui, tem no TudoCelular um completinho, mas só estou querendo dizer que é um aparelho que, no geral, não deve em nada, não vai te deixar na mão.

Quando ele lançou, chegou por 14 mil reais. Hoje, os preços de um novo variam entre 10 e 12 mil. Usado você já encontra por uns 7. Já é metade do preço, mas ainda é um valor obsceno para o Brasil e até para outros países.

Funções especiais com a tela dobrada

Vale pagar tanto assim apenas para ter uma tela maior? Por mil reais a menos do que um usado, ou seja, por uns 6 mil reais, você compra o Galaxy S21 e um tablet Galaxy Tab S6 Lite e leva a tela grande e um bom processamento. Só vai ter o transtorno de carregar os dois pra lá e pra cá e manter os dois com carga, essas coisas.

Mas já é questionável a gente pagar 4, 5 mil reais em um aparelho. Imagina 7 mil, 12 mil. Infelizmente, o Fold e outros dobráveis são tecnologias novas, e são caras porque precisam se pagar. Como assim, Stella?

Quando um produto é desenvolvido, ele é criado em um departamento chamado P&D, Pesquisa e Desenvolvimento. Esse é um dos setores mais caros de uma empresa, porque precisa pesquisar materiais novos, tecnologias novas. Tudo muito experimental. Inovação é caro, é pensar em coisas que não existiam antes, e isso custa bastante.

Pra que a empresa não vá à falência desenvolvendo seus produtos, a venda dos que estão no mercado precisam pagar as pesquisas dos próximos. Por isso, a empresa, e quando digo empresa digo qualquer uma que desenvolva produtos, não apenas a Samsung e não apenas as de tecnologia, cobram mais quando um produto é lançado, aproveitando os que querem ter um produto antes de todo mundo, que querem experimentar primeiro, e que pra isso estão dispostos a pagar mais.

Isso é o que chamam de early adopters. Essas pessoas inclusive estão dispostas a lidar com bugs, defeitos e outras coisas, só pra poder usar antes. São pessoas que gostam de um tipo de produto e gostam de experimentar. Pra elas, o preço compensa.

Mas pra pessoas comuns, que precisam de algo que funcione bem e que tenha um bom custo benefício, as empresas oferecem produtos menos novos, a preços mais baixos. Isso também ajuda a pagar os boletos, mas aí a gente conta mais com o volume do que com o preço.

Com um Z Fold2 você consegue tipo 6 dinheiros. Vendendo 5 Galaxy S21 você consegue os mesmos 6 dinheiros. É um equilíbrio.

Então vale pagar tudo isso por um dobrável se você tiver esse dinheiro, não entrar em problemas de dívidas e gostar de usar tecnologias antes de todo mundo. E sabendo que pode dar algum problema, pode sei lá, dar bolha, quebrar algo, a dobradiça não ser a melhor, enfim. Um dobrável ainda tem um custo benefício muito, muito baixo.

Tudo o que está no mercado agora, ainda está sendo testado com um público grande, então ainda pode dar mais problemas do que o normal. Nós temos hoje dois tipos principais de dobráveis. O que é da largura de um smartphone comum e se abre em um mini tablet e o que é um quadradinho e abre no tamanho de um celular comum. Já tem rumores e protótipos de dobráveis em Z e até de enroláveis.

Por isso, mesmo que tenhamos celulares já na segunda geração, como é o caso do Fold, esse ainda não é um mercado consolidado. As fabricantes ainda estão testando se uma tela dobrável é realmente útil. É uma inovação, sem dúvidas, mas nem todas elas se tornam indispensáveis.

Lembra quando a LG e a Motorola lançaram módulos para os smartphones? Eu adoro os Moto Mods, mas o consumidor em geral não achou relevante, então saiu de linha. Você acha que as telas dobráveis vão se provar super úteis? Deixa o seu comentário.

Vinco? Que vinco?

E como eu falei, as empresas já têm produtos mais evoluídos que esses rodando em beta, de forma interna. O Galaxy Z Fold3 chega com menos bordas que o 2, fora outras melhorias. O que mais pode ser melhorado? Ficaram mais resistentes, terem dobra sem vinco, uma tela de mais qualidade? Ou ainda cair de preço para se popularizar?

Atualmente os dobráveis têm um hardware muito bom, mas não o melhor. Um S21 Ultra é um pouco mais barato que um Z Fold2, menos frágil, e tem um conjunto que vai durar mais. E aí eu incluo até a bateria, que talvez não segure um futuro e a câmera, que é boa mas não tem a mesma potência do S21 Ultra comparado.

Temos a praticidade de ter o aparelho fechado e, a melhor delas, as funções extras que vêm com a possibilidade de dobrar a tela. Com o Fold, por exemplo, você pode usar a câmera traseira como selfie, pode deixar ele dobrado e ver vídeos sem precisar de apoios, pode com a tela grande ter dois apps abertos lado a lado, entre várias outras coisas de produtividade que valem a pena e podem ser ainda bastante exploradas.

Na minha opinião, duvido 100% que telas dobráveis se tornem padrão. Não acho que sejam úteis pra todo mundo, e os smartphones de tela única, nosso velho e bom tijolinho, vai reinar por muitas décadas ainda. Mas se não vai ser o padrão, por que as empresas continuam lançando?

Todo tipo de pesquisa impulsiona outras. De uma tela dobrável podem vir novas e melhores ideias. Foi limando o disquete, o ZIP, o CD e o DVD dos seus computadores que a Apple moveu todo um mercado e ajudou a baixar os preços de microSDs e SSDs por aí. Sem dúvida pode valer a pena.

E é isso, uma análise bem breve, espero que vocês tenham curtido. O que você acha dos dobráveis? Onde acha que eles vão parar? Acha que vão virar o futuro? Quero saber, vamos conversar nos comentários. Deixa o seu like, te espero no próximo vídeo, tchau tchau!

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